Extremos de produtividade marcam a safra de soja na região oeste paulista

16/04/2025

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O cenário das lavouras de soja na safra 2024/25 na região oeste paulista não foi muito diferente do que se viu nos vizinhos norte e noroeste do Paraná: uma grande variação de produtividade causada por veranico e má-distribuição de chuvas na fase em que as plantas mais precisavam de água, a de enchimento de grãos, entre o final de dezembro e início de janeiro.

Antes disso, a soja vinha se desenvolvendo normalmente e a expectativa era animadora. Como resultado, a maior parte dos produtores registrou perdas em maiores ou menores volumes, mas houve também quem conseguiu colher bem. Assim como no Paraná, extremos foram comuns neste ano.

Bem abaixo do potencial

Em Palmital, município reconhecido pela qualidade da maior parte de suas terras, a média geral de produtividade se situou entre 40 e 45 sacas por hectare (100 e 110 sacas na medida por alqueire paulista). Segundo os técnicos, um patamar muito abaixo do potencial da cultura que na safra 2022/23, servida por clima favorável, não ficou aquém de 60 sacas por hectare (145/alqueire).

De família tradicional no cultivo de grãos e que investe em tecnologias para aprimorar suas médias, o produtor Fred Frand Frandsen fechou a colheita com 46,7 sacas por hectare (113/alqueire), enquanto muitos de seus colegas tiveram que se conformar com números bem inferiores, entre 33 e 37 sacas por hectare (80 a 90 na equivalência em alqueire).

Menos e mais

O quadro foi ainda pior nas imediações do Rio Paranapanema, onde alguns produtores nem chegaram a colher. Ao mesmo tempo houve quem, com a sorte de ter sido beneficiado por chuvas na hora certa, colheu 66 sacas/hectare (expressivas 160 sacas na medida por alqueire).

“As lavouras até que estavam bonitas na minha propriedade, mas quando chegou o momento de passar a máquina, apareceram os efeitos do veranico”, comenta Frandsen. Curiosamente, na safra de soja anterior (2023/24), que enfrentou uma seca severa durante quase todo o ciclo, sua média atingiu 53,7 sacas por hectare (130/alqueire).

Milho preocupa

As expectativas se voltam agora para a safra de milho de inverno, que também enfrenta problemas. “Houve atraso na semeadura, em alguns lugares demorou 30 dias para voltar a chover”, comenta o gerente da unidade da Cocamar em Palmital, Natan Rafael Borges. “Numa avaliação geral, podemos dizer que o desenvolvimento do milho é ruim”, resume. A cooperativa possui 428 cooperados no município.

Perto dali, em Cruzália, onde a Cocamar também possui unidade operacional, o gerente Fábio Gavino Mendes descreve um cenário parecido tanto na soja quanto no milho. Em relação à oleaginosa, a produtividade variou entre 16,5 e 67 sacas por hectare (40 e 163 sacas/alqueire). “As diferenças foram muito grandes mesmo numa distância pequena, de quatro a cinco quilômetros”, observa. Por isso, a média geral no município não passou de 40 sacas por hectare (100/alqueire).

Quanto ao milho, os produtores revelam preocupação, conforme cita o gerente. Em Florínea, município próximo, por exemplo, poucos conseguiram semear a safrinha. “Lá, tem chovido muito pouco”, conclui.